quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

ENTREVISTA: Sérgio Ramirez - Ex-jogador da Seleção Uruguaia e Técnico de Futebol

Sérgio Ramirez é um daqueles sujeitos que são difíceis de encontrar no futebol. O uruguaio é bem articulado. Fez sua fama jogando na seleção de seu país e teve um grande destaque no Flamengo, onde jogou ao lado de grandes ídolos brasileiros, como Zico.

Porém, sua carreira como técnico surgiu mesmo como um grande destaque em Santa Catarina, mais precisamente no Joinville. Seu aproveitamento é espetacular e é uma das figuras mais queridas em todo o Estado.

Além de duas histórias de chorar de tanto rir, Ramirez fala sobre o Jec, o presidente Nereu Martinelli e afirmou não gostar do episódio em que se envolveu em uma confusão com o craque Rivellino. De fato, ele tem tanta coisa boa pra contar, que isso é apenas um mero detalhe. Veja o nosso bate papo na íntegra!


01 - Primeiramente, o El Palpiteiro lhe agradece pela prestatividade e inicia lhe questionando: O que significa a cidade e o clube Joinville para Sergio Ramirez?


SERGIO RAMIREZ -  O Joinville Esporte Clube, agradeço pela grande oportunidade de poder ser uns dos protagonistas, desde 2006 de uma história bonita, com um planejamento e a execução do mesmo, chegando a conquista do segundo título nacional.

Aqui na cidade, se fala que JOINVILLE FAZ BEM. E é verdade! A cidade de Joinville me fez "muuuuito" bem. Não só a torcida do clube, como também o povo em geral. Mas acredito que eu também fiz bem à cidade e consequentemente ao clube com dedicação total, com comprometimento, com muita seriedade e honestidade, colocando todos meus conhecimentos em favor do clube.

E com essas atitudes, só tivemos bons resultados, revelações de atletas das categorias de base, como Ramires, Edgar e Douglas em 2006, e todos hoje jogam fora do país. Nas 4 vezes que fui técnico do JEC, fizemos 73 jogos, 44 vitórias, 16 empates, 13 derrotas, 142 gols a favor e 76 contra. Um saldo de 66 gols. Aproveitamento de 67,58%. Sem dúvida, esses números me colocam dentro de um dos melhores desempenhos dos treinadores "jequianos" na história do clube. O melhor, sem dúvida hoje é nosso Hemerson Maria. Excelente treinador, nota 10! Ser humano de alta qualidade e profissional altamente qualificado. Um clube e uma cidade maravilhosa!


02 - Gostaríamos que você contasse o seu episódio em 1976 atuando pela seleção uruguaia num jogo contra a Seleção Brasileira, um jogo marcante contra o Rivellino... O que aconteceu naquele jogo? Já conversou com ele depois disso?


SERGIO RAMIREZ - 28 de abril de 1976. 38 anos do episodio do Maracanã! Brasil x Uruguai pela Copa do Atlântico. Talvez você nem era nascido (NOTA DO BLOGUEIRO: De fato, eu não era nascido).

Coisas do futebol! Eu novo, Maracanã e aquela eterna rivalidade de Uruguai e Brasil. Acho que tem coisas na minha carreira de jogador de futebol muito mais significativa que aquilo ocorrido. Por isso eu não gosto de ficar explicando ou contando, Não é um cartão de visita meu.

Meu cartão de visita foi ter jogado 36 jogos vestindo a camisa da Seleção do Uruguai sendo jogador de time pequeno no meu país. Jogar 96 jogos no Flamengo quando o Flamengo era um verdadeiro FLAMENGO, com Zico, Junior, Carpegiani, Claudio Adão, Adilio, Andrade, Julio Cesar, Urigueler, Tita, Raul e outros...

Ter sido tri-campeão carioca e campeão pernambucano com o Sport de Recife em 1980. Campeão Brasileiro da Taça de Prata (hoje Série B) com o Campo Grande EC do Rio de Janeiro em 1982. Campeão Paranaense com o  E.C.Pinheiros em 1984 na cidade de Curitiba. Esse foi meu último clube como atleta. São essas e outras tantas histórias que eu gosto de contar que são meu verdadeiro cartão de visita. Tenho admiração e respeito pelo Rivellino. Somos amigos! Jogamos vários clássicos FLA x FLU, e também depois que ambos paramos de jogar profissionalmente, nos enfrentamos como veteranos.


03 - Qual sua opinião sobre mala branca / mala preta? Existe? Você concorda? Já foi sondado pra receber algum benefício pra jogar bem em um determinado jogo?

SERGIO RAMIREZ - Nos meus 40 anos de experiência no futebol, nunca me foi oferecido algum benefício econômico, para ganhar um jogo ou falando no popular a "mala branca ou preta". Se existe, não dá para eu afirmar, mas tem um ditado em espanhol que reza assim: "NO CREO EN LAS BRUJAS, PERO QUE LAS HAY, LAS HAY" (Não acredito em bruxas, mas que elas existem, existem!).


04 - O que espera do Joinville na Série A? Acha que poderá ser a melhor equipe catarinense na competição?

SERGIO RAMIREZ - Acredito que no reencontro com a elite do Brasileirão, teremos um desempenho ótimo, buscando primeiro a permanência na elite, e daí buscar voos mais altos, tipo uma vaga para a Sul-Americana. É uma competição com muitas dificuldades.



05 - Como você avalia a gestão do presidente Nereu Martinelli frente ao Jec?

SERGIO RAMIREZ - Falar do presidente Nereu Martinelli fica fácil. Conheço ele desde 2006. Sempre que vim ao clube foi ele que me trouxe, sempre ele que me convidou.

Teve uma vez que me ligou e me falou: "Gringo me ajuda, vem tentar 3 vitórias nestes 3 últimos jogos que restam no campeonato de 2009". Eram 3 clássicos. Contra a Chapecoense aqui em casa (em Joinville), ganhamos! Contra o Avaí, também em casa, ganhamos! E contra o Criciúma fora e ganhamos! Mas o Avaí depois perdeu em casa para a Chapecoense, e daí ambos foram para a final daquele ano.

E foi nesse ano que iniciou o planejamento de transformar o JEC num verdadeiro clube fora de série. Fantástico como é hoje. Até esse ano, o JEC era um clube que não tinha calendário e foi com a conquista da Copa Santa Catarina que o clube ganhou o direito de jogar a série D.

Foi a verdadeira arrancada até os "Dias Melhores", os "Dias melhores pra sempre", "Dias que não deixaremos para trás", como canta o Jota Quest! E o presidente Nereu é o líder máximo, um ser humano extremamente sério, honesto, amplo conhecedor do mercado de atletas... Ele é um espelho cristalino, e o reflexo se propaga dentro do clube. Nereu tem merecimento desta grande conquista. Ele não mede esforços para que todos nos tenhamos as melhores condições de trabalho.


EL PALPITEIRO - Ramirez... Pra gente fechar o nosso bate-papo... Conte uma história sua no futebol. Um estádio com condições precárias de trabalho, alguma gafe cometida por você ou por algum colega, enfim... Algo que nosso leitor se divertiria em saber. Muito obrigado por nos atender!

SERGIO RAMIREZ - São muitas em todos estes anos de experiência como atleta e como técnico.

Como atleta, em 1978, no estádio San Siro na Itália, Torneio de verão europeu, Milan, Juventus, Flamengo e Botafogo participaram. Flamengo x Juventus, estádio lotado! Eu no banco de reservas... vou abrir um parenteses... Lá no Uruguay, eu tenho um apelido pelo qual todo mundo me conhece e sou chamado assim: COLACHO RAMIREZ. O pessoal do Mengão já sabiam do apelido.

Jogo correndo solto, disputadíssimo, segundo tempo 0x0. Nosso treinador Claudio Coutinho, faltando 20 minutos me chama, me dá as coordenadas e vou aquecer.  Ai se deu a grande surpresa kkkkkkkk, quando estou na beira do gramado para entrar no jogo, se ouve uma voz da arquibancada! Na multidão, bem atraá do nosso banco: "COLAAAAAAAACHOOOOO" kkkkkkkk a rapaziada do banco não acreditava! Aí eles: "Gringo como te chamavam pô, até aqui te conhecem" kkkkkkkk, tirei onda esse dia kkkk... Bom, era um uruguaio que estava vendo o jogo e me reconheceu.


Uma como treinador: 1994 eu treinador do Rio Branco de Americana-SP. Campeonato Paulista série A. Jogo entre Rio Branco x Portuguesa. O treinador da Lusa era meu amigo Levir Culpi. Como sempre, entre os torcedores tem "uma meia dúzia de 3 ou 4" que vão para encher o saco kkkkkkk, pois tinha umas malas pegando no meu pé, atrás do banco. Meu time tav jogando bem, tínhamos um bom time. Meio de campo formado por Ney Santos (jogou no Paraná Clube, Vasco, Vitória da Bahia), Cristovam (hoje treinador do Fluminense), Sandoval (jogou depois no Inter de Poa e no Coritiba), e o Souza, meia canhoto qualificadíssimo! Saiu no ano seguinte para o Corintihans, jogou no São Paulo, Atlético-PR, e na Europa.

Terminou ou primeiro tempo 0x0, e o cara gritando besteira pra mim. Já estava sendo "muuuito" grosseiro, apelando pra minha mãe, mulher etc, etc. Segundo tempo, logo 1x0 pra nós! Mais uns minutos 2, 3 a 1 e 4 a 1! E o cara gritando! Aí não aguentei, olhei pra trás e identifiquei o cara. Faltando uns 3 minutos falei pra o preparador físico: "Vou no vestuário". Desci, peguei uma jaqueta de um atleta, um boné e sai fora do estádio. Subi a rampa da arquibancada e fui de encontro ao mala. Claro que ele nem esperava, nem me viu! Fui descendo lá de cima e sentei "beeeem" do ladinho dele, coladinho. Falei no ouvido dele: "GRIIITA SEU FILHO DA P... AGORA, GRIIITA SEU MER... , kkkkkkkkkkkkk... Dava para sentir o cheiro de cocô kkkk se cagou todo, mas eu nem encostei um dedo nele! Apenas gritei com ele, se encolheu todo. Levantei e fui embora... O mala não apareceu mais no estádio.

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